Presentazione in portoghese del TdO
AUGUSTO BOAL
«O Teatro do Oprimido é o teatro no sentido mais arcaico do termo. Todos os seres humanos são atores - porque actuam - e espectadores - porque observam. Somos todos 'espect-atores'»
Augusto Pinto Boal
Nasce em 1931, no bairro da Penha, Rio de Janeiro. Desde criança escrevia, ensaiava e montava suas próprias peças nos encontros de família. Sua formação em Engenharia Química torna-se paralela à pesquisa, à criação de textos teatrais lidos e comentados por Nelson Rodrigues. Estuda na Columbia University com John Gasner e assiste às montagens do Actor’s Studio. Em 1956, Boal volta ao Brasil a convite de Sábato Magaldi e Zé Renato para dirigir o Teatro de Arena de São Paulo. O grupo provoca uma revolução estética no teatro brasileiro nos anos 50 e 60. Através do Seminário de Dramaturgia, do Laboratório de Interpretação e das diversas montagens, o Teatro de Arena contribui vigorosamente para a criação de uma dramaturgia genuinamente brasileira. A partir 1964, a Ditadura Militar inicia a perseguição a todos os indivíduos e grupos de artistas com preocupações sociais e políticas. Em 1968, vem o AI-5 que aperta ainda mais o cerco. Em 1970, O Núcleo Dois do Arena inicia os primeiros experimentos do Teatro-Jornal, o embrião do Teatro do Oprimido.
Em Fevereiro de 1971, Augusto Boal é preso, torturado e exilado. Passando a residir na Argentina, de 1971-1976, dirige o grupo “El Machete” de Buenos Aires e monta, de sua autoria, “O Grande Acordo Internacional do Tio Patinhas”, “Torquemada” (sobre a tortura no Brasil) e “Revolução na América do Sul”, iniciando intensas viagens por toda a América Latina, onde começa a desenvolver novas técnicas do “Teatro do Oprimido”: Teatro-Imagem, Teatro-Invisível e Teatro-Fórum. Em 1976 muda-se para Lisboa, onde dirige o grupo “A Barraca”. Dois anos depois é convidado para leccionar na Université de la Sorbonne-Nouvelle. Em Paris, cria o Centre du Théatre de l´Opprimé-Augusto Boal, em 1979. Trabalha em muitos países europeus e desenvolve as técnicas introspectivas do Teatro do Oprimido: o Arco-Íris do Desejo. Antes de regressar definitivamente ao Brasil, monta no Rio de Janeiro “O Corsário do Rei” (de sua autoria, letras de Chico Buarque, música de Edu Lobo) e “Fedra” de Racine, com Fernanda Montenegro. A convite do então Secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro, professor Darcy Ribeiro, Boal volta ao Brasil em 1986 para dirigir a FÁBRICA DE TEATRO POPULAR. O objectivo era tornar a linguagem teatral acessível a todos, como estímulo ao diálogo e à transformação da realidade social. Ainda em 1986, junto com artistas populares, cria o Centro de Teatro do Oprimido – CTO-Rio, para difundir o Teatro do Oprimido no Brasil. No CTO-Rio, desenvolve projectos com ONG´s, sindicatos, universidades e prefeituras. Em 1992, candidata-se e é eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro pelo PT (Partido dos Trabalhadores), para fazer Teatro-Fórum e, a partir da intervenção dos espectadores, criar projectos de lei: é o Teatro Legislativo. Após transformar o espectador em actor com o Teatro do Oprimido, Boal transforma o eleitor em legislador. Utilizando o Teatro como Política, em Sessões Solenes Simbólicas, encaminha à Câmara de Vereadores 33 projectos de lei, dos quais 14 tornam-se leis municipais, entre 1993 a 1996. A partir de 1996, fora da Câmara dos Vereadores, Boal e o CTO-Rio seguem na consolidação do Teatro Legislativo Em 1998, conseguem o apoio da Fundação Ford, para a criação de grupos comunitários de Teatro do Oprimido.
Boal também realizou diversas Sessões Solenes Simbólicas, de Teatro Legislativo, no exterior: no “Great London Council” - Londres, com a participação de escritores como: Lisa Jardine, Tarik Ali, Paul Heller e advogados dos Tribunais de Londres; em Bradford, na Câmara Legislativa da cidade, sobre questões relativas aos portadores da Síndrome de Down; na Sala da Comissão de Justiça do Rathaus (Prefeitura) de Munique, com apoio da Sociedade Paulo Freire. Em 1999, transforma a ópera “Carmem” de Bizet em SAMBÓPERA, uma experiência inovadora que traduziu as músicas originais para ritmos genuinamente brasileiros. Carmem ficou em temporada no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. Em julho de 2000, estreou em Paris. Em 2001, “La Traviata” é montada também como SAMBÓPERA e faz circuito no Rio de Janeiro.
Sua mais recente pesquisa é a Estética do Oprimido, programa de formação estética que integra experiências com o SOM, PALAVRA, IMAGEM e ÉTICA. A Estética do Oprimido tem por fundamento a crença de que somos todos melhores do que pensamos ser, e capazes de fazer mais do que aquilo que efectivamente realizamos: todo ser humano é expansivo. Augusto Boal é autor de diversas obras literárias lançadas nos mais diversos idiomas, além de coleccionar um arsenal extraordinário de prémios e honrarias. A principal criação de Augusto Boal, o Teatro do Oprimido, é hoje uma realidade mundial, sendo a metodologia teatral mais conhecida e praticada nos cinco continentes.
Prémios
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1962 : Prêmio PADRE VENTURA, melhor diretor - São Paulo
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1963 – Premio SACY, melhor diretor, São Paulo
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1965 – Premio SACY, São Paulo, Brésil
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1959-1965 – Vários prêmios de Associações de Críticos de Teatro do Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre e São Paulo
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1965 - Prêmio MOLIÈRE pelo espetáculo A Mandrágora de Machiavel - Brasil
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1967 - Prêmio MOLIÈRE pela criação do "Sistema Curinga" - Brasil
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1971 -OBIE AWARD para o melhor espetáculo off - Broadway. LATIN AMERICAN FAIR OF OPINION, EUA
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1981 - OFFICIER DES ARTS ET DES LETTRES – Ministère de la Culture, França
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1981 – Prémio OLLANTAY, de Creación y Investigación Teatral, CELCIT, Venezuela
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1994 - Prêmio CULTURAL AWARD da cidade de Gävle, Suécia
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1994 - Medalha PABLO PICASSO da UNESCO
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1995 - OUTSTANDING CULTURAL CONTRIBUTION - Academy of the Arts - Queensland University of Technology, Austrália
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1995 - PRIX CULTURAL - Institut Für Jugendarbeit - Gauting, Baviera
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1995 - THE BEST SPECIAL PRESENTATION - Manchester News – UK
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1996 – Doctor Honoris Causa in Humane Letters, University of Nebraska, EUA
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TRADITA INNOVARE, INNOVATA TRADERE, University of Göteborg, Suécia
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1997 - LIFETIME ACHIEVEMENT AWARD, American Theatre Association in Higher Education, ATHE, EUA
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- PRIX DU MÉRITE, Ministère de la Culture do Egito
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1998 – PREMI D´HONOR, Institutet de Teatre, Barcelona, Espanha
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– PREMIO DE HONOR, Instituto de Teatro, Ciudad de Puebla, México
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1999 - Honra ao mérito. União e Olho Vivo. Brasil.
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2000 – Proclamation of the City of Bowling Green, Ohio. EUA
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– Doctor Honoris Causa in Fine Arts, Worcester State College, EUA
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– Montgomery Fellow, Dartmouth College, Hanover, EUA
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2001 – Nominated (for July, 2001) DOCTOR HONORIS CAUSA in Literature, University of London, Queen Mary, UK
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International Award for Contribution of Development of Drama Education „Grozdanin kikot“.
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2002 – Baluarte do Samba, homenagem da Escola de Samba Acadêmicos da Barra da Tijuca
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2005 – Comendador Governo Federal. Brasil.[5]
Livros publicados
Em português
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Arena conta Tiradentes. São Paulo: Sagarana,1967.
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Crônicas de Nuestra América. São Paulo: Codecri, 1973.
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Técnicas Latino-Americanas de teatro popular: uma revolução copernicana ao contrário. São Paulo: Hucitec, 1975.
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Teatro do oprimido e outras poéticas políticas. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira. 1975.
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Jane Spitfire. Rio de Janeiro: Codecri,1977.
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Murro em Ponta de Faca. São Paulo: Hucitec, 1978.
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Milagre no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.
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Stop: ces’t magique. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.
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Teatro de Augusto Boal. vol.1. São Paulo: Hucitec,1986.
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Teatro de Augusto Boal. vol.2. São Paulo: Hucitec,1986.
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O Corsário do Rei. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1986.
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O arco-íris do desejo: método Boal de teatro e terapia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1990.
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O Suicida com Medo da Morte. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1992
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Teatro legislativo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996.
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Aqui Ninguém é Burro! Rio de Janeiro: Revan, 1996
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Jogos para atores e não-atores. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.
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Hamlet e o filho do padeiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira – 2000
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O teatro como arte marcial. Rio de Janeiro: Garamond, 2003.
Em alemão
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Ehemann mager, Frau flachl Verlag der Autoren, 1957.
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Revolution auf südamerikanisch. Verlag der Autoren. 1960.
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José von der Wiege bis zur Bahre. Verlag der Autoren, 1961.
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Arena erzählt Zumbí. Verlag der Autoren, 1965.
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Kriegszeit. Verlag der Autoren, 1967.
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Theaterzeitung, Erstausgabe. Verlag der Autoren, 1970.
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Das große internationale Abkommen des Onkel Sam. Verlag der Autoren, 1971.
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Torquemada (entstanden während seiner Haft in Brasilien). Verlag der Autoren, 1971.
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Mit der Faust ins offene Messer, ISBN 3-88661-035-7
Em dinamarquês
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Lystens regnbue - Boals metode for teater of terapi, Drama, 2000.
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Spil! - øvelser og lege for skuespillere og medspillere, Drama, 1995.
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Teatret som krigskunst (O Teatro como arte marcial). Tradução de Niels Damkjær, 2004.
Em espanhol
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Categorias de Teatro Popular. Buenos Aires: Ediciones Cepe, 1972.
Em finlandês
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Draamaa ja teatteria yhteisöissä, Ventola&Renlund (toim.), 2005.
Em francês
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Théâtre de l’opprimé. Éditions La Découverte, 1996.
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Jeux pour acteurs et non-acteurs. Éditions François Maspero, 1978.
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Pratique du théâtre de l’opprimé. Centre d’étude et de diffusion des techniques actives d’expression, 1983.
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Stop ! c’est magique. Éditions Hachette, 1980.
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Méthode Boal de théâtre et de thérapie. Éditions Ramsay, 1990.
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L’Arc-en-ciel du désir. Éditions La Découverte, 2002.
Em inglês
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Theatre of the Oppressed. Londres: Pluto Press, 1979.
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Games for Actors and Non-Actors. London: Routledge, 1992.
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The Rainbow of Desire. London: Routledge, 1995.
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Legislative Theatre: Using Performance to Make Politics. London: Routledge, 1998.
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Hamlet and the Baker's Son: My Life in Theatre and Politics. London: Routledge, 2001.
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The Aesthetics of the Oppressed. London: Routledge, 2006.
Augusto Boal morreu por volta das 2h40' do dia 2 de Maio de 2009, aos 78 anos, no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, por insuficiência respiratória. Boal sofria de leucemia.
Augusto Boal é um artista em plena actividade!
Por:
Aníbal Samarigi
Coordenador